No momento de contratar um empréstimo ou outro tipo de linha de crédito empresarial, é comum que as empresas priorizem a taxa de juros nominal apresentada. Porém, em muitos casos, o custo efetivo total (CET) da operação acaba sendo negligenciado.
Considerar apenas a taxa de juros pode comprometer o planejamento financeiro do negócio. A razão é que, muitas vezes, condições aparentemente atrativas ocultam encargos que tornam a operação mais onerosa.
Quer entender melhor esse assunto? Neste artigo, você verá as diferenças entre taxa de juros e custo efetivo total para compreender como analisar propostas de crédito de forma estratégica.
Aproveite a leitura!
O que é a taxa de juros em linhas de crédito?
A taxa de juros nominal em linhas de crédito empresariais, como empréstimos e financiamentos, representa o percentual cobrado pela instituição ao disponibilizar recursos para o negócio. Trata-se do preço pago pelo uso do capital, calculado sobre o montante emprestado.
Esse percentual varia conforme o perfil da empresa, o prazo de pagamento, as garantias apresentadas e o risco da operação. Fatores externos, como a taxa Selic, também influenciam essa definição.
Como taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic serve de referência para o custo do crédito. Assim, quando ela aumenta, o custo das linhas de crédito tende a subir.
Ainda, cada instituição adota critérios próprios para definir a taxa, o que costuma gerar variações entre as propostas de empréstimo recebidas. Muitas vezes, o histórico de relacionamento com o banco influencia as condições oferecidas.
Geralmente, empresas com bom histórico têm acesso a juros mais competitivos. Isso acontece porque a percepção de risco é menor, o que aumenta as chances de aprovação.
Contudo, como visto, a taxa de juros nominal não reflete o custo real da operação. Muitos encargos adicionais não estão incluídos nesse percentual, o que pode tornar a linha de crédito mais cara do que aparenta.
O que é custo efetivo total?
O custo efetivo total representa o valor real de uma linha de crédito. Ele considera, além da taxa de juros, todos os encargos cobrados pela instituição financeira ao longo da operação.
Para entender melhor, imagine uma empresa que precisou de um empréstimo para reforçar o estoque na alta temporada. Ao escolher a proposta, os gestores optaram pela oferta com a menor taxa de juros.
No entanto, meses depois, a equipe percebeu que o custo do empréstimo foi bem maior do que o previsto. Isso ocorreu porque, junto dos juros, foram cobradas tarifas administrativas, seguros e demais encargos que não estavam claros no início.
Também há impostos que incidem sobre as operações de crédito, como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Ele é um tributo federal obrigatório em diversas modalidades de crédito.
Por isso, o CET é o indicador que revela, de forma mais clara, o impacto financeiro total do crédito. É com base nele que se deve comparar diferentes propostas e avaliar qual realmente compensa no longo prazo.
Segundo determinação do Banco Central (Bacen), todas as instituições financeiras devem informar o custo efetivo total da operação antes da contratação. Essa exigência tem o objetivo de ajudar os clientes a tomar decisões mais conscientes.
Por que é necessário considerar o CET na análise?
Como visto, a taxa de juros isolada pode ser insuficiente para avaliar o impacto financeiro de um crédito. Propostas com juros aparentemente mais baixos podem incluir custos que comprometem a rentabilidade do negócio.
Entre os principais componentes do CET, estão:
- taxa de juros nominal: principal custo da operação, é sempre considerada no cálculo do CET;
- tarifa de cadastro: relacionada à análise e estruturação do contrato, podendo ser cobrada por algumas instituições;
- encargos administrativos: taxas adicionais ligadas à gestão da operação, que variam conforme a concedente;
- seguros obrigatórios: em certos casos, são exigidos seguros contra inadimplência ou para proteção de bens financiados.
Para exemplificar, imagine duas propostas de crédito. A primeira apresenta juros de 1,2% ao mês, enquanto a segunda cobra 1,6%.
Entretanto, ao analisar o CET, nota-se que a primeira chega a 2,4% ao mês, devido a encargos adicionais, e a segunda se mantém em 1,9%. Nessa situação, a proposta inicialmente mais barata acaba sendo a mais onerosa.
Como comparar linhas de crédito de forma estratégica?
Na análise de diferentes linhas de crédito para o seu negócio, considere o CET entre as propostas recebidas. Como você já sabe, a apresentação dessa informação é obrigatória.
Além desse dado, há outros fatores que influenciam a sua tomada de decisão. Por exemplo, veja qual o impacto das parcelas no fluxo de caixa da empresa e o prazo total de pagamento. Esses elementos são decisivos para manter a saúde financeira do negócio.
Ademais, vale a pena explorar alternativas ao crédito tradicional, como a antecipação de recebíveis. Essa modalidade permite transformar receitas futuras em capital imediato, sem necessidade de endividamento.
Em vez de esperar receber o dinheiro de vendas parceladas, a empresa pode antecipar esse montante por meio da cessão de direitos creditórios a uma securitizadora. Em troca, é cobrado um deságio, que varia conforme o risco da operação e outros fatores.
A modalidade pode minimizar a exposição ao risco de inadimplência, transferindo parte da responsabilidade para o adquirente dos recebíveis.
Neste artigo, você entendeu mais sobre o custo efetivo total das linhas crédito e viu por que esse dado é mais relevante do que a taxa de juros nominal. Portanto, se a sua empresa está buscando capital externo, vale a pena considerar esses detalhes.
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